Meriam, que tem 27 anos, deu à luz na semana passada a uma menina
Renunciar a fé cristã ou encarar a possível sentença de morte
Por Jussara Teixeira
Autoridades sudanesas estão trabalhando para libertar Meriam Ibrahim, presa e condenada à morte por ter abandonado o Islã no país africano. A declaração foi dada pelo subsecretário das Relações Exteriores do país, Abdelah Al-Azrak.
De acordo com ele, a libertação de Merian se dará de acordo com as leis do país. “As autoridades do país estão trabalhando para libertar Meriam, condenada à morte por apostasia, por meio de medidas legais. Eu espero que ela seja libertada em breve”.
O presidente Omar al-Bashir, que implantou impôs a lei islâmica Sharia no Sudão, está atualmente sob forte pressão desde a condenação de Merian em 15 de maio.
Meriam, que tem 27 anos, deu à luz na semana passada a uma menina. A recém-nascida, batizada de Maya, permanence no cárcere juntamente com seu irmão, Martin, de apenas 20 meses.
Segundo o jornal britâncio Daily Mail, detalhes “repugnantes” de sua prisão tem sido divulgados e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron chegou a afirmar que a prisioneira tem sido vítima de um tratamento “bárbaro” e que isso “não teria lugar no mundo de hoje”. Também o ex-primeiro ministro Tony Blair disse que o caso é “uma distorção brutal e repugnante da fé”.
Blefe
Os advogado de Meriam, contudo, acreditam que a declaração do governo sudanês pode ser uma tentativa de silenciar o crescente clamor mundial pela soltura da prisioneira.
Ativistas de direitos humanos disseram que a campanha pela liberdade de Meriam é mais importante agora do que nunca.
A Anistia Internacional organizou uma petição por sua libertação que foi assinada por 750 mil pessoas até o momento.
Relembre o caso
A corte de Cartum, no Sudão, condenou Meriam Yehya Ibrahim, na época grávida de 8 meses, por apostasia. Ela deve renunciar a fé cristã ou encarar a possível sentença de morte imposta pelo sistema judiciário local.
Apesar de seu marido ser cristão e garantir que a esposa também o é por uma longa data, o sistema judicial local a considerou muçulmana pelo fato de seu pai professar a fé em Alá. Sua mãe, cristã ortodoxa, criou a filha sozinha já que o pai deixou a família quando ela tinha apenas 6 anos de idade. Porém, pela lei Sharia, somente a religião paterna é considerada e os filhos devem segui-la sem restrições.
Adicionalmente, o casamento com o atual marido cristão foi declarado nulo. Por esse motivo, a sudanesa Ibrahim foi ainda acusada de adultério e condenada a 100 chibatadas, informa a CNN.
O advogado de Ibrahim garante que ela se recusa a renunciar à fé cristã. Meriam tem sido submetida a intensa pressão pra renunciar à sua fé. Uma porta-voz da base americana de justiça no Sudão disse que chegou a ser oferecido dinheiro e segurança a ela, caso se torne muçulmana.
Seus advogados planejam apelar contra o veredicto, que atraiu a condenação de organizações pró direitos humanos em todo o mundo.