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O poder corrompeu muitos pastores presidentes

EM FOCO

Silvio Costa
Silvio Costa
Silvio mora na belíssima cidade de Guarapari no ES; estudou teologia no Seminário SEET e SEIFA, é professor de matérias teológicas na FATEG, membro do conselho editorial da revista Seara News. Também contribui como colunista em outros portais evangélicos do país, além de palestrante em escolas bíblicas e conferências teológicas. Mantém também o blog Cristão Capixaba.

O poder corrompeu muitos pastores presidentesEscrevo este artigo para realçar uma triste realidade em que funestos governos eclesiásticos através de seus “pastores feudais” empurram goela abaixo de seus liderados tolhidos e sugestionados – um sistema de mesmices e descalabros; uma cultura de exploração e de extrapolação de direitos sob disfarçada forma religiosa (não é boa religiosidade, pois em sua ligadura há uma mistura carnal e maligna).

Por Silvio Santo Costa | Seara News

O poder corrompeu muitos pastores presidentes.

Quando um suposto “líder” usa dos meios de sua influência para obter fins de proveito próprio, temos então a caracterização de abuso de poder. E todos nós sabemos que isso ocorre dos piores modos em denominações evangélicas, convenções de ministros; ministérios locais e igrejas.

A aplicabilidade do termo “poder” em sua variada semântica denota autoridade, domínio, controle, influência e até imposição. Os homens em suas diversas organizações necessitam de governo equilibrado, boa liderança e mansa voz de comando. Na democracia a indispensabilidade da ordem e do progresso está intimamente ligada ao exercício do poder por um indivíduo ou instituições que assegurem a detenção e equilíbrio do mesmo. A igreja não é uma democracia, mas em alguns sistemas que beiram o congregacional (como nas Assembléias de Deus), os membros têm voz ativa e participam do exercício deste poder de conduzir a igreja para o seu melhor nos aspectos espiritual, administrativo e social.

Por conta do pecado há inculcado nos recônditos da natureza humana uma aspiração pelo poder a qualquer preço; só nos libertamos desta introjeção quando Cristo torna-se o Senhor de nosso eu. Lúcifer perdeu sua posição original porque também se deixou corromper pelos devaneios do poder. Para exemplificar a reflexão, permita-me descrever-lhes uma pequena e pertinente estória.

Numa produtiva reunião de obreiros locais, o mais audacioso dos pastores da pequena congregação percebeu que os seus posicionamentos intrépidos exerciam influência sobre a vida de outros obreiros do pequeno ajuntamento. A simples descoberta despertou-o a perspicazmente incubar um futuro sistema de autoritarismo, cabresto ideológico e ditadura religiosa através de suas mensagens e instruções. O esperto demagogo em seu projeto de agregação portava-se como um líder imediato, arrojado e promissor para o futuro da comunidade.

O tempo passou e a congregação cresceu. O sutil pastor do próprio ego conseguiu convencer os irmãos a pedirem a emancipação eclesiástica. Assim; enfim alcançou os intentos de sua maior ambição pessoal – tornar-se o pastor presidente da nova igreja sede. Na medida em que a tenra matriz desenvolvia e expandia-se através de suas congregações emergentes por todos os bairros da cidade; ardilosamente um esquema calculista de perpetuação no poder era dissolvido no estatuto e regimento interno da recente igreja matriz que naqueles dias experimentava uma verdadeira ebulição espiritual.

O calendário é ininterrupto e em poucos anos a dita “presidência da igreja” extinguiu as assembléias de membros e suprimiu bastante as reuniões de obreiros, de forma que as decisões mais importantes estavam subordinadas ao famigerado administrador da igreja. As cavilações, vaidades e costumes do “dono da igreja” tornaram-se padrão de vida para os membros. Sua arrogância foi assimilada como unção, sua presunção como autoridade e seu disfarçado e engenhoso plano de poder como visão ministerial avançada.

Uma tirania dominou o prelado espiritual (de espiritualidade nada mais lhe restava) que no desequilíbrio de seu comportamento de imposição e sem medir conseqüências massacrou a “chamada oposição” que não se curvava frente ao cetro de sua descabida monarquia de autoritarismo. Ou todos eram vassalos de manobras ou prisioneiros de uma masmorra de depreciação espiritual – não havia pra onde correr e muito menos como escapar.

O bispo do poder em sua posição marcial fez com que diáconos, presbíteros (cargos locais) e até ministros (evangelistas e pastores) fossem depostos de suas funções e os últimos relegados a meros ocupantes das cadeiras do púlpito – já que não tinham oportunidade para mais nada. Pelos retrovisores do tempo a imagem do outrora pastor arrojado foi encoberta por uma poeira de ganância e por uma avidez pela supremacia que culminou em um tipo cruel de ditadura eclesiástica.

No fim da estrada, a carruagem daquele pretenso pastor chegou a seu castelo de ideais maquiavélicos e de arguta estratégia, cujo propósito era o de enfraquecer o corpo de obreiros e controlar o ministério através da convergência de poderes centrados na autoridade do patriarca da igreja sede. A cultura enxertada pela ditadura do “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, configurou uma igreja não senhora de si mesma, subordinada a um tipo de subserviência que aceitava e aplaudia o déspota e arrogante proprietário daquele engenho eclesiástico.

Encerro a breve exposição declarando que freqüento uma igreja que tem seus problemas. Com certeza deve ter gente lá insatisfeita com a administração e etc. Mas posso assegurar-lhes que como poucas igrejas evangélicas bem organizadas e doutrinadas, a minha igreja mantêm reuniões de membros, apresenta relatórios de suas operações, discute com sua membresia e quadro de obreiros suas principais e inevitáveis decisões. Quero crer que a postagem seja útil no despertar de consciências para uma igreja local forte, soberana e livre para servir a Deus sem paredões de egoísmos episcopais.

Silvio Santo da Costa

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2 COMENTÁRIOS

  1. É uma verdade patente que o poder tem corrompido muitos pastores, o mundo todo sabe disto. Acho muito interessante, que você meu irmão Sílvio Santo da Costa, faça parte de uma igreja que observa o ritual do siste-
    ma congregacional evangélico e que tem um líder sincero e homem de Deus. Também faço parte em uma ig-reja que me sinto muito bem, e o meu líder é um homem de Deus, sincero, honesto e que luta pelo bem e o
    desenvolvimento da trabalho do Senhor.

  2. Muito bom o realista o seu texto. Infelizmente, esta é uma lástima, que tem prejudicado muito a administração e a espiritualidade de muitas Igrejas. Só discordo deste trecho: “…A igreja não é uma democracia, mas em alguns sistemas que beiram o congregacional (como nas Assembléias de Deus), os membros têm voz ativa e participam do exercício deste poder de conduzir a igreja para o seu melhor nos aspectos espiritual, administrativo e social.” A Assembléia de Deus, pelo menos as que eu conheço, seguem o modelo episcopal de administração eclesiástica, onde os pastores se reúnem e tomam as decisões. Ainda assim, na maioria dos ministérios, os pastores presidentes decidem sozinhos (manda quem pode e obedece quem tem juízo). As reuniões e atas são meras formalidades para autenticar aquilo que ‘o chefe já decidiu’.

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